Em alta, mortes no trânsito chegaram a 34,8 mil no Brasil em 2023, mostra Atlas da Violência
19/05/2025 às 09:00 Vista: 20 Vez(es)
Em uma década, foram 397,3 mil mortes por transporte terrestre, a maioria de motociclistas. Estudo aponta que a extinção do seguro DPVAT agravou o financiamento do SUS para atender vítimas. Quatro pessoas morrem em acidente de trânsito na BR-386, no Norte do RS Glauber Silveira/Tua Rádio Cristal O Brasil registrou um novo aumento nas mortes no trânsito em 2023, aponta o Atlas da Violência, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Esta é a primeira vez que o estudo inclui uma seção dedicada exclusivamente à violência no transporte. Em 2023, o país registrou 34.881 mortes no transporte terrestre, de 2,9% na comparação com os 33.894 registrados em 2022. O índice de mortes a cada 100 mil habitantes foi de 15,8 para 16,2. As mortes no trânsito estão em alta desde 2020, após um período acentuado de queda que os pesquisadores atribuem mais à desaceleração da economia naquele período do que a alguma outra ação duradoura de prevenção. Histórico de mortes no trânsito no Brasil Arte/g1 O levantamento destaca que o crescimento ocorreu apesar dos compromissos assumidos na Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011–2020), que tinha como meta global da ONU uma redução em 50% da mortalidade no trânsito até 2020. “O tema da violência nos transportes é tratado como um grave problema de saúde pública, com níveis de mortalidade comparáveis aos homicídios intencionais”, aponta o relatório. O Atlas cita o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS), válido até 2030, como uma das principais estratégias para enfrentar o problema. No entanto, fatores estruturais como o crescimento da frota de motocicletas (os motociclistas são quase 39% das 397,8 mil vítimas de incidentes de trânsito mortas desde 2013), a falta de fiscalização e as más condições viárias são apontados como motivos para o agravamento do problema. O estudo cita, ainda, que a extinção do seguro DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores de Via Terrestre) prejudicou o atendimento às vítimas no Sistema Único de Saúde (SUS). “A extinção do DPVAT reduziu a capacidade de atendimento às vítimas no SUS e eliminou a indenização às famílias, o que agrava ainda mais a situação das populações mais vulneráveis”, diz o documento. 🔎 O DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores de Via Terrestre) é um seguro obrigatório criado em 1974 para indenizar vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, independentemente de culpa. Em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro, a cobrança do seguro foi suspensa, com a justificativa de que havia recursos suficientes para cobrir as indenizações até 2023. ➡️ Em 2024, uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Lula (PT) restabeleceu o seguro obrigatório (leia mais). Passageiro morre após ficar preso entre a porta do trem e a da plataforma da estação do metrô Campo Limpo, em SP Exclusivo: Metrô de SP teve pelo menos 15 acidentes como o que matou passageiro nesta semana LEIA MAIS: Cidades brasileiras registram aumento no número de acidentes envolvendo motocicletas Tocantins fica no topo do ranking de mortes no trânsito As taxas de mortalidade por 100 mil habitantes variam amplamente entre os estados. Em 2023, o Tocantins lidera o ranking, com 33,9 mortes, seguido por Mato Grosso (27,1) e Piauí (25,9). Na outra ponta, o Amapá tem a menor taxa: 9,7 mortes por 100 mil habitantes. Mortes por estado em 2023 Acre: 10,4 mortes a cada 100 mil habitantes Alagoas: 18,7 Amapá: 9,7 Amazonas: 10,4 Bahia: 18,2 Ceará: 14,9 Distrito Federal: 9,9 Espírito Santo:19,3 Goiás: 22,4 Maranhão: 21,4 Mato Grosso: 33,6 Mato Grosso do Sul: 24,2 Minas Gerais: 15 Pará: 17,8 Paraíba: 20,5 Paraná: 22,7 Pernambuco: 16,8 Piauí: 30,3 Rio de Janeiro: 11,4 Rio Grande do Norte: 1,4 Rio Grande do Sul: 15,2 Rondônia: 26 Roraima: 25,1 Santa Catarina: 19,6 São Paulo: 10,6 Sergipe: 19,4 Tocantins: 33,9 Brasil: 16,2 Embora o foco principal do estudo seja o transporte terrestre, o Atlas também destaca os riscos do transporte aquaviário, especialmente na Região Norte. O índice de mortalidade é mais alto nessas áreas devido à falta de infraestrutura, ao uso de embarcações clandestinas e à ausência de fiscalização. Apesar de os transportes aquaviário e aéreo apresentarem taxas mais baixas e estáveis de mortalidade (entre 0,4 e 0,6), ainda há desafios importantes, principalmente nas regiões mais isoladas do país. LEIA MAIS Homicídios caíram 1,4% no Brasil em 2023 Assassinatos de mulheres e de crianças de 0 a 4 anos cresceram em 2023 no Brasil Veja lista com os estados mais e menos violentos do Brasil Homicídios crescem no RJ, mas Ipea credita alta à inserção de dados mais precisos SP tem a menor taxa de homicídios do Brasil e a maior de mortes por causa indeterminada Número de mortes no trânsito de SP bate recorde no primeiro trimestre do ano VIA: g1 > Carros